O CEO da Telefônica Vivo, Christian Gebara (foto), afirmou hoje, 19, durante conferência com analistas sobre os resultados de 2019, que a operadora está monitorando o risco de que o governo imponha restrições à contratação de fornecedores por parte das operadoras nas futuras redes 5G.
Há no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estudos para implantar, através de decreto ou portaria, regras que limitem a 35% a participação de um mesmo fornecedor nas redes das operadoras, em linha com modelagem adotada pelo Reino Unido. Tal medida afetaria diretamente a chinesa Huawei, hoje uma das principais fornecedoras de equipamentos de rede no país. A fabricante construiu boa parte da rede 4G da Vivo.
“A Huawei é importante fornecedor no acesso e no núcleo da nossa rede. Por enquanto estamos, completamente confortáveis e [com o fornecimento] sob controle. A Huawei é muito importante para nós, como outros fornecedores, no 5G tem tecnologia avança, e estamos monitorando se haverá qualquer mudança [que afetem o mercado]”, afirmou Gebara.
COMPRA DA OI MÓVEL
Gebara voltou a ser questionado pelos analistas sobre a possibilidade de a Vivo comprar a Oi Móvel ou outros ativos da concessionária. Segundo ele, o movimento de consolidação do mercado de telecomunicações começou ano passado, quando a Claro arrematou a Nextel, então a quinta maior operadora móvel com 3,5 milhões de assinantes.
“Somos a companhia líder de mercado. Se tiver qualquer ativo à venda, vamos analisar e ver se cabe em nossos planos. Assim que começar oficialmente [a oferta por ativos móveis da Oi], estaremos lá, pode ter certeza”, disse.
Ele falou que as oportunidade de aquisição acontecem também no mercado fixo. Neste caso, a Vivo também analisa se há ativos disponíveis complementares à rede da operadora em fibra entre ISPs, por exemplo. Mas, por enquanto, não foi identificado nenhum ativo interessante, afirmou.
REGRAS DO LEILÃO 5G
O CEO da Vivo também deu sua opinião sobre a proposta de leilão de radiofrequências para redes 5G. A minuta foi colocada em consulta nesta semana e ainda poderá sofrer modificações, antes de ser aprovada pelo conselho diretor da Anatel.
“Até aqui, o leilão parece razoável. Parece que será possível termos um modelo com mais compromissos do que dispêndio com as licenças. Parece bom, mas ainda precisamos ter certeza do documento final, das regras definitivas”, ponderou Gebara.
Segundo ele, foi positiva a inclusão de mais espectro na faixa de 3,5 GHz. “É importante ter pelo menos 80 MHz para uma boa experiência 5G, para cada operadora”, ressaltou o executivo. A Anatel decidiu ampliar de 300 MHz para 400 MHz o espectro disponível na faixa de 3,5 GHz que será entregue às operadoras móveis, o que levará ao deslocamento de serviços satelitais e à necessidade de implementação de filtros em parabólicas para a convivência dos serviços móveis com a TV aberta satelital (TVRO). Com isso, considerando que Claro, Oi, TIM e Vivo comprem, cada tele pode chegar a possuir 100 MHz.
Gebara também elogiou a disponibilidade da frequência de 2,3 GHz no leilão e a possibilidade de a Vivo comprar mais espectro de 700 MHz. As regras colocadas em consulta preveem que os 700 MHz à venda sejam ofertados na primeira rodada à Oi ou a um entrante. Não havendo interessados, as operadoras que já detêm essa frequência poderão arrematá-la.
Matéria originalmente publicada por Rafael Bucco, para o Tele.síntese:
http://www.telesintese.com.br/vivo-monitora-risco-de-restricao-a-fornecedores-na-5g/